Ao acordar, a inércia tomou conta de mim. Está frio do lado de fora da janela, e do lado de dentro o calor não é suficiente para aquecer o meu coração. Há uma coisa em falta, o puzzle ainda não está completo, o sopro não apagou a vela da noite passada, a vigia não terminou. Hoje sonhei que combatia essa inércia, qual navegante da lua, mas cheguei à conclusão de que é complicado - o combate a esse conceito que as Leis da Física tentam explicar é tão, ou mais penoso, que o combate ao défice das contas públicas.
Os lençóis abraçam-me, como que consolando, apaziguando o meu espírito, mas vejo-me cada vez mais mergulhada num mar de incertezas e de palavras com o prefixo –in. Levanto-me, mas os músculos das minhas pernas parecem não querer colaborar; pego na minha agenda e vejo o que era suposto fazer hoje, e dou por mim cheia de vontade de arrancar a página e não fazer absolutamente nada, como se este dia não existisse, como um mero espaço em branco, espaço vazio, parêntesis. É tão confortável esta inércia. É confortável a ideia de adiar decisões, atitudes… Sinto-me cansada de remar contra a maré, de simplesmente pensar no conceito; sinto-me tão cansada que, insistentemente não me dá vontade de agir, ou de simplesmente reagir. Revolta-me o sentimento, tento lutar contra ele, mas por momentos, descubro que há coisas mais fortes que eu, mais fortes que o meu querer.
A tentativa falhou. Tomo o comprimido e espero que o seu efeito chegue. Seja ele qual for.
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